"É preciso muito tempo para se tornar um estilista de sucesso, mas quando se ama de verdade este meio, o sucesso chega com certeza". Valentino
Um dos mais consagrados e experientes estilistas ainda em atuação está prestes a se despedir das passarelas. Valentino, 75 anos, anunciou sua aposentadoria para Janeiro de 2008. "É o momento perfeito para dizer adeus", afirmou o estilista italiano à imprensa, apesar de ter declarado anteriormente que jamais ficaria longe da essência de sua vida: a moda.
Nascido em Voghera, uma pequena cidade ao norte de Milão, em 1932, Valentino Clemente Ludovico Garavani recebeu este nome em homenagem ao astro do cinema mudo Rodolfo Valentino.
O grande diferencial do estilista foi justamente fazer uma moda luxuosa, soberba, mas elegante, sem exageros desnecessários.
O jovem designer conquistou seu lugar de destaque no mundo da moda na década de 60, após cair nas graças de ninguém menos que Elizabeth Taylor. A atriz, na época estrela de primeira linha em Hollywood, fez com que o estilista desenvolvesse seu figurino no grandioso filme "Cleópatra" (1963). Além disso, Valentino foi responsável pelo elegante traje de Jackie Kennedy em seu casamento com o grego Aristóteles Onassis e fez Julia Roberts brilhar na noite em que recebeu a estatueta do Oscar, em 2001, por sua atuação em "Erin Brockovich". Só como curiosidade, este modelo fez tanto sucesso que uma boneca Barbie, vestida com uma réplica em miniatura, foi leiloada em um evento beneficente.
O estilista teve seu primeiro contato com a moda na Academia dell'Arte em Milão, onde também estudou a língua francesa. Em 1955, já em Paris, trabalhou para os famosos designers Jean Desses e Guy Laroche. Em 1960, ele retornou a Itália e com apoio financeiro do pai se associou ao amigo Giancarlo Giammetti e abriu seu próprio ateliê, o Via Condutti. Em plena era psicodélica e multicolorida, o instigante Valentino mostrou toda a sua personalidade ao arriscar e apresentar uma coleção cuja cor predominante era o branco.
A partir daí, Valentino ficou conhecido por sua moda sutil e impecável, que o acompanharia por toda sua carreira e o tornaria um dos maiores representantes da moda de todos os tempos.
No fim do ano de 1972, Valentino já havia lançado suas coleções prêt-à-porter feminina e masculina e aberto lojas em Roma e Milão. Em 1978, o designer desenvolveu sua primeira fragrância e a lançou numa noite de gala no teatro Champs Elisées, em Paris, com direito a performance do bailarino russo Mikhail Baryshnikov. Somente em 1986 o talento e o sucesso de Valentino foram reconhecidos formalmente por seu país. O Presidente da República Italiana concedeu-lhe o título de "Cavaliere di Gran Croce", a maior honraria que um cidadão italiano pode receber.
Não conseguindo acompanhar o ritmo intenso e competitivo do mercado da moda contemporânea, constantemente beneficiado pelos avanços tecnológicos e pela conseqüente globalização, a grife Valentino teve que ser vendida, em 2002, ao grupo Marzotto, um conglomerado italiano do ramo têxtil, que manteve o estilista na direção criativa. Atualmente, tudo o que se refere à marca Valentino, um patrimônio estimado em mais de 2 bilhões de euros, está sob o controle de um outro grupo, o Permira.
Se pudéssemos definir o estilo de Valentino com um palavra, ela seria opulência. Opulência, sim, não ostentação. Pode até parecer uma incoerência, porém o grande diferencial do estilista foi justamente fazer uma moda luxuosa, soberba, mas elegante, sem exageros desnecessários. Valentino ficou conhecido e passou a ser admirado por ser um detalhista, um perfeccionista, especialmente nos bordados e aplicações de pedras preciosas em suas criações.
A elegância em sua alta costura é clássica. Valentino é atemporal. E inesquecível.
Ciça Mattos 35 anos, é publicitária estudou Moda na London College of Fashion e Marketing na New York University (NYU). Trabalhou 15 anos em agência de publicidade e se dedica hoje ao estudo do comportamento de consumo de moda
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