A magia de Armani
Giorgio Armani: mistura da alta costura com a casualidade do dia-a-diaPor Ciça Mattos • 21/09/2007


Um dos mais influentes e consagrados estilistas do mundo, Giorgio Armani é responsável por uma das grifes mais sofisticadas e também prestigiadas da atualidade. Suas vendas chegam ao valor total de US$ 1 bilhão anuais. Sua foto é estampada freqüentemente em capas de revistas e seu nome, atrelado ao título de "Designer mais bem sucedido do ano 2000" pela revista Forbes.


Nascido em 11 de julho de 1934, na cidade de Piacenza, Itália, Giorgio Armani sonhava em ser médico e chegou a cursar, por pouco tempo, a Universidade de Bologna. Logo após, foi convocado pelo exército italiano e acabou servindo como assistente médico. Três anos depois, já desligado do exército, aceitou um emprego na loja de departamentos Rinascente, em Milão. Lá, ganhou experiência como vitrinista, comprador e designer, e chegou a trabalhar para os famosos Nino Cerruti e Emanuel Ungaro.



Armani sentiu-se compelido a usar elementos da alfaiataria masculina para desenvolver uma linha feminina que, apesar de apresentar ombros exageradamente largos, encantou por sua extrema sensualidade

Em 1974, Armani finalmente abriu sua própria grife, no início com apenas uma linha masculina, financiada, em parte, pela venda de seu velho Volkswagen. Hoje em dia, Giorgio Armani é uma estrela do primeiro escalão do mundo da moda, conhecido internacionalmente e quase tão premiado quanto o mestre Christian Dior. Apontado como um dos grandes transformadores da moda, Armani mudou de forma radical o guarda-roupa de homens e mulheres dos anos 80.


O pontapé inicial para tanto sucesso foi a percepção de que não havia uma moda, na época, que correspondesse de fato ao que o público precisava e queria consumir. Foi então que Armani resolveu apostar na releitura do tradicional blazer masculino. Ao desestruturá-lo por completo, arrancando inclusive as ombreiras e forros, e testando novas cores e tecidos, tornou o que era aparentemente pesado e sisudo em uma peça básica, com um visual totalmente novo, mais leve, relaxado, porém ainda muito elegante.


Com base na excelente aceitação de sua primeira coleção, Armani sentiu-se compelido a usar elementos da alfaiataria masculina para desenvolver uma linha feminina que, apesar de apresentar ombros exageradamente largos, encantou por sua extrema sensualidade. Num momento em que as mulheres começavam a competir de igual para igual com os homens no mercado de trabalho, Armani colocou nas mãos femininas uma roupa que transpirava poder, firmeza, competência. Enfim, perfeito para as novas executivas em ascensão.


Reconhecido pelo corte limpo e apurado de suas peças, Armani teve seu primeiro momento de glória ao assinar o figurino de Richard Gere no filme Gigolô Americano, em 1980. A partir daí sua carreira decolou e inúmeros astros de Hollywood tornaram-se seus clientes fiéis. Jodie Foster, Michelle Pfeiffer, Russell Crowe, Robert De Niro, Benicio Del Toro, entre outros, passaram a desfilar - principalmente pelo tapete vermelho da premiação do Oscar - as criações deste tão talentoso estilista. São dele também os figurinos de Os Intocáveis (1987), Uma Estranha Passagem em Veneza (1990), Beleza Roubada e Jerry Maguire (1996), Gattaca (1997) e Shaft (2000).


Almejando o público jovem, Armani decidiu então lançar grifes mais acessíveis e descontraídas que a marca-mãe. Emporio Armani e Armani Jeans abriram caminho para muitas outras empresas, como extensões de linha, cosméticos e acessórios. Tudo isso com o objetivo de levar para a maioria da população, o prestígio e a aura de luxo da Armani. Como exemplo, suas fragrâncias feminina e masculina, o telefone Notturno da Italtel, os óculos da Giorgio Armani Occhiali, além de hotéis, cafés e restaurantes.



O sucesso mundial da marca Armani é indiscutível. No entanto, tão forte e marcante quanto seu sobrenome é a figura humana de Giorgio. O impecável bronzeado é inconfundível. Os olhos azuis, irresistíveis. "Um incansável detalhista" é como se auto-define. Suas influências se resumem - e se repetem - em Matisse e Picasso, talvez pela harmonia, pureza e modernidade de suas obras.


"Minha filosofia foi sempre tentar ajudar mulheres e homens a se sentirem confortáveis e confiantes em si mesmos, através das roupas que usam", diz o estilista. Seu estilo poderia ser definido como um meio-termo entre a refinada elegância da alta costura e a casualidade do dia-a-dia. Num mundo repleto de intermináveis reuniões e viagens de negócios, o equilíbrio exato entre sensualidade e glamour fizeram da Armani uma unanimidade em termos de bom gosto e elegância.


De fato, seu grande diferencial está em oferecer uma moda estruturada, de qualidade, mas com o conforto de uma roupa simples, do dia-a-dia. Poderíamos afirmar que Armani renovou a concepção do ato de vestir. Tudo mais simples, mais prático, sem ostentação, porém sem perder o encanto e a magia.



Ciça Mattos 35 anos, é publicitária estudou Moda na London College of Fashion e Marketing na New York University (NYU). Trabalhou 15 anos em agência de publicidade e se dedica hoje ao estudo do comportamento de consumo de moda